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AS BOAS ESTÃO POR VIR

Percebi que meu celular estava com a conexão de dados desativada. Como era um dia depois daquele em que alguns serviços foram interrompidos mundo afora, achei que ainda estava nesse rastro e, resolvi o problema ativando uma conexão com rede sem fio. Saí de casa e, algum tempo depois, em meio às atividades diárias, lembrei que podia estar desconectada. E estava. Resignei-me à ideia de que ficaria as próximas horas sem comunicação adequada via telefone móvel. Não seria possível usar Redes Sociais e até mesmo a função básica de telefonar estava desabilitada. E antes que a curiosidade do leitor fique muito mobilizada, de repente, percebi o obvio. Minha linha estava temporariamente sem funcionamento, pelo problema básico de... falta de pagamento. Isso demorou a vir à tona como causa para o apagão que se impunha, porque lembrava de ter ficado muito feliz por ter pago todas as continhas em seu vencimento. Isso incluía a conta de telefone. Mas, como o tempo mostrou, na verdade, não incluiu. Por algum motivo não consolidei a quitação deste boleto especifico e em um dia do começo de julho, descubro isso da pior forma. Então, resolvi brincar. Fiquei pensando que naquelas horas em que ficaria sem ver o que me chegava virtualmente, mas que se acumulava e seria visível tão logo eu voltasse a ter rede de dados, todos os milagres, sonhos, vontades e desejos estariam expressas em mensagens que eu ainda não vira. E teriam chegado justo naquele dia. Dediquei-me a imaginar o que me faria feliz caso estivesse a minha espera, quando voltasse a conexão. Eu queria ter encontrado em meu e-mail, o convite para participar de um encontro literário. Seria ótimo falar, pela primeira vez, dessa experiência. Escrever. Embora, tenho dado uma certa desimportância ao ato quando Sérgio Vaz disse, em entrevista, que importante não é quem escreve. Importante é quem lê. Isso para justificar o fato de investir em projetos sociais que incentivem a habilidade em pessoas da periferia, há décadas. Também acreditei que estariam ali notícias da minha editora. Dizendo que o livro estava pronto. Capa maravilhosa. Tudo certo. Faltando acertar data e cidade de lançamento. Então, acharia que foi um sonho ruim o descompasso que se interpôs entre nós, fazendo o livro, apesar de estar no prelo, de existir com ISBN e com o nome que escolhi para ele, desde a primeira crônica escrita, Um passado feliz de mulher, não ter sido impresso. Sorri mesmo, ante a expectativa de descobrir, me esperando, um convite de um moço de quem eu gostaria de receber um convite assim. Para jantar. Brincante, fui arranjando as coisas na cabeça para honrar o compromisso. Minha amiga já estava lá em casa. E no lugar do nosso encontro, meu e dela, eu a deixaria com as crianças, a minha e a dela, e seguiria com o moço noite adentro. A minha amiga entenderia. Tempo passou. Telefone conectado. Por alguns segundos, choveram as mensagens interrompidas. Retidas. Olhei todas com avidez. Procurando as que escolhera receber. Nenhuma delas tinha se materializado. A mais promissora era de um amigo constatando: Está sem celular? O que aconteceu? Queria saber qual era a boa. E eu, com a minha fama de agenda cultural, diria que as boas ainda estavam por vir. Não havia sido daquela vez. Como diz o forrozim, amanhã pode acontecer tudo. Inclusive nada. Como isso foi ontem, ainda tenho fé no dia que vai raiar.







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