Recebi dois convites de uma amiga. Repentinos. Acolhidos. Não houve tempo para que fossem fisgados por inseguranças. Disse sim. E na hora marcada estava pronta.
Um deles, um tipo de meditação inédito para mim. O outro, aula experimental de Yoga. No fim, ou desde o começo, as práticas se mostraram complementares.
Ensinaram-me muito. Inclusive como chegar a coisas, que já foram programadas várias vezes e abandonadas antes de se concretizar, pode ser fácil. Factível. E de como fazê-las, ir ao seu encontro, traz óbvias melhores sensações do que postergá-las sob argumentos vários.
No Yoga, o pacto firmado de nos focar mais na respiração e no seu fluxo do que em posturas perfeitas, que ao fim poderiam soar incompatíveis com o nível de cada um.
E a doce instrução para receber os pensamentos. Mas deixá-los ir. Observá-los diria mais de nós do que podíamos supor, concluí. O que é um pensamento se não uma representação de algo que está dentro, que de certa forma nos compõe e nos coloca onde e como estamos? Pergunta minha. Que permanece.
Estava conseguindo deixar ir o que vinha. Até ser surpreendida por um visitante renitente. Que quase pôs tudo a perder. Que me fez ter vontade de desistir. Birra interna que me fazia repetir “não quero mais brincar”.
Era o medo de errar – descobri, de repente. Em dado momento senti-me profundamente incomodada pelo fato de não ter certeza se fazia certo. No entanto, não recebia admoestações. E até cheguei a ser corrigida sutilmente pela instrutora.
Mas não estava sendo suficiente. O pensamento me dominava. Eu precisava saber – a plenos pulmões – se eu estava indo bem. Ou o contrário.
Foi preciso disciplina para arrancar aquilo de mim. Já que o convite para que saísse não surtia efeito.
Aos poucos, decidi continuar. A despeito do erro. Se existisse. Pois se sim, não parecia ser a coisa mais importante. A ponto de atrair atenção e gerar correções. As que eu desejava, por fim. Ao olhar para o lado e tentar acompanhar os colegas, os via concentrados em sua própria experiência ali.
Entendi.
Fez-se claro o encontro com a insegurança. Com a necessidade de aprovação. Ou desaprovação. Alheia.
A tal criança interior apareceu para mim. Como aquela ainda. Que pede com palavra ou omissão: Mãe, olha. Está bom? Está bonito? Está correto?
Ainda não sei analisar todas as variáveis desse encontro. Os significados possíveis. E tudo o que pode me ensinar.
Respondi.
Abraçando a adulta que praticava Yoga e a criança que me trouxe sua vulnerabilidade: o feito é melhor que o perfeito. Ninguém está tão interessado assim em seus erros e acertos. Esse julgamento paralisante não vem dos outros, mas de você.
Prossegui.
Acalme-se. Abandone tudo isso. E siga. O fluxo. E faça. E olhe-se. Mas não muito. Livre (se). De suas próprias amarras.