Bom dia.
Todo dia.
Pode ser dito de outra forma, com mensagens diferentes.
Saúda o raiar de novas 24 horas e me lembra de suas possibilidades, da graça que é acordar, do bem que nos faz ter dormido.
Vem com palavras encorajadoras. Desafiadoras. Vem lembrando que a vida é bonita, é bonita, e é bonita.
Vem para abrir um lapso de tempo, claridade, no turbilhão.
Eu gosto.
Espero. Virou compromisso. Missiva virtual que abro com empenho e carinho.
Sinto-me cuidada.
Lembrada.
Gosto decerto por ser ele o remetente.
Gosto dele.
Sei que faz não por obrigação ou como forma de usar e abusar dos recursos da Internet.
Sei a intenção que coloca ali.
Nunca respondo da mesma forma. Usando o mesmo artifício.
Não sou boa para falar nem com cards.
Mas nunca o deixo sem resposta.
Bebo da sua fonte. Água da minha sede.
No sábado foi ainda mais especial.
Os desejos eram de um final de semana todo azul.
Como o céu do Rio de Janeiro. Estampado na foto que vinha junto.
Pensei em como é bom partilhar o que de bom nos acontece.
Eu era merecedora de um naco do que ele vivia.
E isso me colocava como parte daquela vivência.
E me fazia feliz.
Assim com pouco/tanto/tudo que vale.
No mesmo dia recebi outra imagem.
De uma amiga.
Também de céu azul.
Com a legenda de que retratava o agreste pernambucano. E vinha para me inspirar.
Dia de presentes.
A alegria em recebê-los me fez pensar nos suvenires das lojinhas de artesanato.
E na força da frase com aparência tola que exibem.
“Estive em tal lugar e lembrei-me de você”.
Tem coisa melhor e mais valorosa ainda que monetariamente custem quase nada?
Nos meus antigamentes elas podiam ser apenas uma plaquinha de madeira riscada com fogo.
Não tinham outra utilidade a não ser exprimir aquela sentença.
Dizem que a forma de driblarmos a morte é sermos lembrados.
Para além do tempo em que estivermos fisicamente presentes.
Antes disso, é forma de intensificar a vida.
Distribuir pequenas levezas.
Fazer abrir sorrisos em bocas ainda que distantes.
E justo por isso suprimir espaços.
Nunca vazios.
Hoje, como se não bastassem tantos regalos, ganhei mais um.
Da tela surge outra imagem e um dizer ainda mais bonito. Sobre felicidade. Sobre a vontade de dividi-la comigo.
Tipo de coisa que se multiplica na operação.
Soma.
Soma-se ao que precisamos extirpar para não esquecer o que é importante.
Diminui a desimportância que nos toma quando em vez.
Reduz o sofrer.
Esfrega na nossa cara o tamanho das miudezas.
Fala do quanto é miúdo querer muito mais além do que uma plaquinha de madeira.
Seja feita de encontro ou telefonema.
Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
le se a alma não é pequena.