- E se eu quiser desistir de falar inglês?
Perguntou.
- Desiste, mulher.
Eu respondi com os meus botões. Boca fechada. Do outro lado da tela. Distante.
Fala com sua música. Seu sorriso. Aponta. Escreve um bilhete. Lê as frases soltas dos guias.
Deixa isso pra lá. Vem pra cá. O que é que tem?
Cê fala tão bonito o português. Escreve coisas ótimas. Divertidas. Tá bom assim.
Compra só o pão mesmo.
Larga Jung.
Inconsciente coletivo.
É isso.
Todo mundo fala tudo. Fala nada.
E se entende.
Liga para esse povo não.
Acha importante.
Fácil.
É falada por gente demais.
Só não por você?!
Produção da Internet é nessa língua.
Mais de 50%.
Shit.
Annn, annnn.
Ahhh!!!
O que você tem a ver com isso?
Compra só o pão mesmo.
Ou come uns carrot cake.
Para aliviar.
Mas não pense que tem alívio.
Isso a vida não dá.
Já diziam os meus que o sistema é bruto.
Aqui ou aí.
Em qualquer língua.
Você pode também silenciar.
Consegue?
Só olha.
Será que dá?
Escuta Tom Zé.
Tô te explicando pra te confundir.
A Fernanda já achou o rumo.
Desistiu.
Peleja aí que você nasceu em março. Ou abril. No espaço entre os dois que permita fazê-la ariana. Do signo.
Eu acho que se quer desistir, se joga na desistência.
Mas você também pode contar com os broders professores.
Receber ajuda na Galway. Povo tá lá. De férias. Deixa de ir – não.
Você também, hein?
Não sabe muito do andamento do tempo.
Tem hora que ele vai mais devagar.
Larga a preguiça. A desistência.
Entra no grupo dos patrícios.
Escuta uma emissora de rádio local.
Tira as legendas dos filmes.
Ou se rebela.
Fala português com todo mundo.
Quem quiser que se entenda.
Sejamos imperialistas.
Ou vemtimbora.
Tá vindo?
Final de ano.
Tem chão ainda.
Enquanto isso, pensa aí.
E se você quiser desistir de falar inglês?
Foto: Gilberto Soares