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DIA DOS NAMORADOS

Costumava ser procurada pelas minhas amigas para prestar consultorias voluntárias sobre o presente ideal para o Dia dos Namorados.

É engraçado tentar retomar essas lembranças porque me enxergo hoje como alguém incompatível para a missão.

Não lembro dos feed backs. Mas espero mais ter ajudado do que atrapalhado.

Eu sequer me lembro do que já dei ou ganhei nessa data em anos anteriores –

quando havia o namorado – e hoje penso que seria adepta de não comemorações e do argumento “todo dia é dia”.

Coisa mais sem graça enfrentar lugares cheios para comprar um presente ou para frequentar um restaurante ou algo do gênero no tal 12 de junho.

De uns tempos para cá em quase todas as “datas comemorativas” muita gente tem aproveitado para desvendar outros lados ou os motivos de se comemorar ou não determinada efeméride.

Hoje é Dia dos Namorados, mas semana passada, na outra e nas outras um sem-número de feminicídios aconteceram no DF, no Brasil e no mundo.

Não quero ser estraga prazeres – mas o argumento usado para os assassinatos ou tentativas (que também matam sem tirar a vida) é justamente o amor tão decantado no dia de hoje.

Uma campanha que está circulando nas Redes Sociais tratou de lembrar às mulheres, com a hashtag #NaoEAmorQuando, que por trás de palavras românticas e declarações de afeto, que por trás de uma relação supostamente estável, podem estar escondidas situações de abuso capazes de efetivar uma bem-sucedida morte lenta.

Eu já não sei se acredito no amor como promessa que se cumpra. Como um sentimento ou um sentido/rumo que aponte para a eternidade, para a lealdade, para se efetivar como tudo o que se espera dele ou como tudo que pregam os amantes em seus momentos mais afoitos e/ou encantados.

Eu já não sei se acredito no amor como oásis no deserto do mundo. Nem mesmo como fruto de um trabalho árduo e diário – de escolha e renúncia. Sobretudo de escolha – pelo amor.

Eu já não sei se acredito no amor para além da conveniência da palavra de quatro letras, para além das aparências, para além das angústias e opressões contidas em um relacionamento amoroso.

Eu já não sei se acredito no amor como refúgio, como escolha leve, como lugar de respeito.

Eu já não sei se acredito no amor como espaço de liberdade, de cumplicidade, de individualidades, de intimidades.

Eu já não sei se acredito no amor como recanto de descobertas, de prazeres, de gozo, de gritos, de sorrisos e descanso. Suor e cansaço. De sexo atento e recíproco em tudo.

Mas acredito nos encontros, na sua força, na sua beleza, na alegria, na felicidade, mesmo que tenham dias contados.

Acredito na urgência em se perseguir a maturidade e o respeito que levem a lidar com o outro de forma menos leviana e egoísta.

Acredito no amor.

E na sua eternidade – do tamanho do tempo que dure.

Porque quando ele acaba o que fica leva à descrença no amor.

Para sempre.


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