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O SINAL... VAI ABRIR...

Admiro os vendedores de frutas que ficam nos sinais de Brasília. Procuram a sombra de árvores frondosas, onde montam uma espécie de banca improvisada, na verdade apenas um lugar para manter o estoque protegido do sol, e saem oferecendo os produtos no meio dos carros.

Admiro os vendedores de frutas que ficam nos sinais de Brasília. Mas não costumo comprá-las. Não sei bem a razão. Tem relação com confiabilidade, acho. Mas também acho que se trata de uma opinião pré-concebida, o famoso preconceito.

Sei que eles buscam a matéria-prima no Ceasa, encaram o trabalho árduo (poderiam estar roubando, matando) e nos oferecem os itens no conforto das quatro rodas, pelo mesmo preço ou até mais barato do que poderiam ser encontrados em mercados e verdurões.

Converso com os vendedores de frutas que ficam nos sinais de Brasília. Pergunto o preço. Admiro o produto. Escuto o corolário publicitário em que tratam sobre as vantagens daquela aquisição. Mas agradeço e acelero tão logo tenho a oportunidade.

Presenteio eventualmente os vendedores de frutas que ficam nos sinais de Brasília. Ofereço-lhes um lanche, um bolo, um sanduíche. Ficam muito agradecidos. Volto no outro dia para saber se gostaram. Nem lembram mais de mim mas asseguram: Estava maravilhoso. Que eu volte sempre. Que eu leve sempre um lanchinho pois a vida está puxada e as refeições se limitam às principais. Nos intervalos a barriga reclama.

Avalio as opções dos vendedores de frutas que ficam nos sinais de Brasília. Têm qualidade. Geralmente são da estação. Próximas da safra, próximas de nós, possíveis consumidores. Algumas vezes exóticas. Algumas espécies que não encontramos com tanta facilidade – regionais. Coisas lá do Nordeste ou de outras terras – coisas que encantariam um público diversificado.

A alternativa da vez é o caqui. Segundo consta, ele oferece inúmeros benefícios para a saúde. É bom para os olhos, para os sistemas digestivo e diurético, para o coração. Mas contém muito açúcar – melhor ser evitado por diabéticos. E pode levar a diarreias, caso ingerido em jejum.

Quando conheci o caqui, em São Paulo, tirava casca e caroço (que parece não existir). Tentava, inutilmente, ficar com a polpa. Mas não é preciso dissecar o caqui. Ele é 100% aproveitável.

Na tentativa de ir com calma, de não cometer erros, fiz como os turistas que usam garfo e faca para degustar uma tapioca. Para nós, paraibanos, isso chega a ser heresia. Para os paulistanos, também eu devia estar cometendo uma.

Hoje o caqui continua não sendo dos meus sabores e texturas favoritos. Mas vez em quando me permito devorar alguns.

Dias desses quis poupar a saliva de um já conhecido mercador. “Ó, não vou levar mesmo. É melhor tu aproveitar e procurar outro carro. Vai que rola uma venda”.

Ele seguiu o conselho. Sem rancor. Na boa. Mas não desistiu de mim: - Um dia você leva!

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