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A PALAVRA É DE PRATA

Tenho me divertido com uma nova possibilidade aberta pela categoria ‘Eventos’ das Redes Sociais.

Marco se não que comparecerei, ao menos que tenho interesse. Geralmente, minha afinidade se dá pelo nome do dito cujo. Poucas vezes paro para ler o ‘sobre’. É assim que, não raro, quase me atraso para uma comemoração no interior de São Paulo ou outro lugar desconhecido.

É assim também que me sinto onipresente. Vez por outra tenha vinte compromissos nos mesmos dia e horário. Tenho até a companhia de outros amigos. Muitos deles apenas virtuais.

Muita gente não entende quando não me vê em determinado lugar e me cobra por mensagem. Cadê você? – Em casa. Mas você confirmou presença. – E foi? Respondo entre incrédula e desmemoriada.

Mas não posso reclamar. Os eventos em que clico mas não vou, são praticamente os únicos que tenho frequentado.

E não faz muita diferença. Porque no mundo das aparências em que dizem que andamos vivendo, mais importa que eu tenha a intenção pública e, portanto, tida como verdade irremediável, do que o fato de realmente aparecer em alguma atividade agendada no PC.

Elas independem de mim para acontecer e mesmo que eu não esteja, estou. Sem pagar nada. O que é ainda melhor.

Aliás, pagar por alguma coisa ou evento no qual eu tenha real interesse está ficando meio difícil. Só este mês já frequentei – no que depende da minha vontade – uns cinco ou seis ou sete cursos maravilhosos que vi anunciados.

Daqueles que a gente não pode deixar passar porque esperou a vida toda por eles, mesmo sem saber.

Demonstro interesse, faço pré-matrículas, envio e-mails solicitando mais informações, dou telefonemas, marco na agenda, me preparo, separo a caneta e o caderninho. Monto toda uma logística para ver quem pode quebrar meu galho, cuidando da minha filha.

Mas não posso ir às aulas. São impagáveis. Só conheço uma pessoa que diz que as coisas caem no colo dela, que consegue realizar todos os desejos de participação, porque ganha, é convidada, faz permuta.

A mim, resta essa falta de magia. Teria mesmo que ter a grana necessária. E não estou tendo. Deixei de ir, portanto, às aulas de canto, de roteiro, de contação de história, de escrita afetiva, de escrita não afetiva, de interpretação de textos, de criatividade e mais uma centena delas, pelo simples motivo de não poder pagar pelas pequenas fortunas que custam.

Será que só eu continuo na crise? Será que a crise passou e eu não vi? Será que essa Brasília só tem gente assim tão endinheirada e estou na cidade errada, fingindo que é o lugar certo para mim?

O fato é que agarrei com unhas e dentes a possibilidade de me inserir na programação do projeto Literaturas, do CCBB, só porque é gratuito.

É igual vaga na comercial da 210 norte. Quando vejo o flanelinha acenando, estaciono. Mesmo que não tenha nada para fazer lá. Só para homenagear o momento histórico.

Em janeiro, participei da Oficina de Romance só por isso. Não tinha custos. E morri de medo de não ser selecionada na de Crônica, que era meu real interesse, para abrir a vaga para algum estreante.

Para convencer o selecionador, tinha que escrever o que me motivava. E já não havia muita criatividade.

Gastei-a toda na edição passada.

Sei lá. Eu quero. Quero conhecer o homem, o escritor. Gosto de escrever crônica. É gratuita.

E consegui. Dia e hora marcados, lá estava eu. Junto com tantos outros.

E gostei muito do que o Antônio falou sobre o gênero literário ou jornalístico. Ou ambos. Estavam lá seu conhecimento, seu humor, sua disponibilidade em compartilhar o que sabe e o que ainda vai aprender.

Valeu a pena.

Como dizem, o silêncio é de ouro. A palavra é de Prata.

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