A menina entra com os pais na cafeteria chique da rua chique.
São Paulo.
Nem bem dá os primeiros passos e seu caminhar é barrado por mãos que a seguram pelo braço.
Sem pudor, o dono das mãos anuncia o motivo do gesto brusco: o lugar não admite pedintes.
Ordens da gerência.
Julho 2017.
O menino entra com o pai em um shopping chique do bairro chique.
São Paulo.
A funcionária pergunta ao pai se a criança o está incomodando.
Foi confundido com um pedinte.
Ordens da gerência.
Junho 2017.
O menino espera os pais se servirem, sentado à mesa de um restaurante self service.
São Paulo.
A mãe está ‘botando reparo’ mas perde o segundo em que por algum motivo o menino desaparece.
Voltou a encontrá-lo na rua. Chorando.
Foi retirado à força do local que não admitia pedintes.
Ordens da gerência.
Janeiro 2012.
O menino acompanha os pais em loja de carro chique de um bairro chique.
Rio de Janeiro.
O funcionário solicita que se retire. Ali não é lugar para ele. Pede dinheiro.
Incomoda os clientes.
Andava sozinho. Era sozinho que não podia estar. Foi o que tentou alertar.
Desculpas.
Mal-entendido.
Janeiro de 2013.