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MANTEIGA: ARTIGO EM EXTINÇÃO

A manteiga está escassa na Europa.

É o que diz matéria de economia de um grande jornal brasileiro.

Na Inglaterra os grandes empresários deram a notícia triste: no Natal não haverá manteiga suficiente para garantir as delícias da festa.

A oferta diminuiu e a procura aumentou. O jornal discorre sobre as causas do desequilíbrio das principais variáveis capitalistas.

As pessoas estão consumindo mais. As indústrias também. A margarina ganhou desconfiança e a manteiga teria perdido a pecha de vilã de problemas cardiovasculares.

A questão não é simples. Envolve dificuldades em se renovar o rebanho de vacas leiteiras. Passa por cortes voluntários na produção. Revoada de produtores de laticínios. Necessidade de se investir em outros subprodutos do leite. Falta de infraestrutura para o aumento na produção.

Até a produção doméstica de pães, bolos e outras guloseimas, considerada no texto como ‘modismo’, é tida como um dos motivos para a crise.

Do alto da minha economia doméstica, já havia percebido que algo estava acontecendo. Passei a me assustar com o preço da manteiga que consumo, produzida não muito longe de Brasília, em estados como Minas Gerais e Goiás.

Esperei que o preço baixasse como aconteceu dia desses com o mamão papaia. Ou com a cebola. Mas a tendência não se confirmou.

Resolvi investir na qualidade do produto que vai na minha cesta. Se o preço está inacreditável, melhor pagar por algo bom.

Decepção.

A embalagem sofisticada e o rótulo em apologia aos atributos do conteúdo não se mostraram verossímeis. Nem garantiram que passasse pelo meu controle de qualidade.

A ‘virada estrutural’ citada no jornal para explicar mudanças nos padrões de consumo da manteiga se repete na minha casa.

Sinto-me como uma amostra grátis de tudo o que levou a manteiga ao patamar em que está agora. Mais consumida. Mais cara. Escassa. Perigando de faltar no Natal.

Eu consumo manteiga.

Eu gosto de manteiga.

No meu prato ela pode substituir, sem prejuízos ao paladar, carne vermelha, molho, queijo, óleo, azeite. Há muitos anos substituiu a margarina. Não tem isso de meio a meio. Ou de que dá no mesmo.

Jamais.

Se é bolo, biscoito, pasta, pão, pipoca, cogumelo, tapioca, cuscuz, farofa. É com manteiga que eu vou.

Até olhar para ela me nutre. Os sentidos.

Vê-la exposta, vendida a granel, em feiras livres e quitandas de quadra, me alimenta.

Lembro da manteiga que minha mãe comprava. Enrolada numa folha plástica, coberta depois por papel de embrulho.

Estou de olho na manteigueira de inspiração francesa. Ela mantém o oxigênio longe do produto e dispensa refrigeração. Garantia de maciez e frescor prolongados.

É que a manteiga não me sai do pensamento.

A partir de agora declaro-me preocupada com o seu futuro.


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