top of page

PROCURE POR TAGS: 

POSTS RECENTES: 

SIGA

  • Facebook Clean Grey
  • Twitter Clean Grey
  • Instagram Clean Grey

OLHA O PALHAÇO NO MEIO DA RUA

A programação ia passar sem nossa presença quando após irmos ao Parque da Cidade prestigiar o aniversário de uma amiga de Morena, eu disse:

- Casa?

E ela respondeu:

- Fest Clown.

Titubeei porque a menina tinha estado no hospital, estava convalescente e o dia estava frio.

Mas consenti, enfim e foi a melhor decisão porque a arte também cura.

Tinha quase esquecido de como gosto dos eventos de rua de Brasília e de como o céu fica lindo nessa época do ano e de que sair de casa pode renovar os ventos interiores – e renova sempre os meus.

Havia passado por uma fase mais caseira aos finais de semana, meio que assoberbada pelas obrigações com o bom andamento das questões domésticas.

E ir a um piquenique no parque, sentir a quentura do sol, ver as crianças, suas brincadeiras, seus aprendizados, suas quedas, seus desafios, suas interações com os pares e com a família é um verdadeiro detox. Sempre. Não se pode esquecer disso. Não posso esquecer disso.

No meio do domingo no parque é possível dar de cara com cenas que gostaríamos de ter perdido – como a falta de acolhimento a um menino que caiu na poça de lama. Tão pequeno. Precisava de colo e de um: Se machucou?

Mas recebeu gargalhadas e reprimendas e ficou atônito sem saber se ria ou chorava do próprio dissabor.

Os provavelmente pai e filha que, muito elegantes, ela à moda europeia, com vestido florido, cardigan e sapatilhas lustrosas de verniz, aproveitavam o lugar de forma pouco usual. Ele de pé, ela sentada. Cada um com um celular na mão e interagindo unicamente com os aparelhos.

Até a minha filha observou o constrangimento de tal situação e comentou comigo, antes de dormir, o quanto era triste que eles estivessem em um espaço tão convidativo e olhassem apenas para o telefone.

Nessas horas sinto uma pontinha de orgulho porque sei que é uma forma de ela racionalizar que, apesar de reclamar às vezes, prefere que tenha seu acesso aos eletrônicos dificultados e/ou negados.

Em contrapartida, recebe oportunidades de vivenciar outras formas de se relacionar com o mundo e com sua infância.

Mas como cada um cada um, foi importante não nos deixar abater porque o melhor viria com a apresentação da Companhia Carroça de Mamulengos, já no Fest Clown.

O grupo comemora quarenta anos em cena e nos encanta com o talento da família Gomide que parece sempre tão inacreditavelmente bonita e especial. Um presente para cada um da plateia e para todos que já cruzaram com eles nesse mundão.

Acompanho a trupe pelas Redes Sociais e não há coisa mais linda do que suas andanças.

No espetáculo de ontem, a pequena Ana (de quatro anos) catalisou a magia. Sem falar em Iara que estreou na perna de pau e, em todos os outros integrantes.

Dançando, cantando e atuando com talento, graça e dedicação, Ana renova nossas esperanças na vida, na capacidade das crianças de ser tanta coisa além e no poder de um espetáculo para limpar a alma, fazer rir, refletir, sonhar.

Esquecer da vida como ela é. E fazer acontecer o como ela será.

Imagem: Flávia Fonseca

Crédito: Flávia Fonseca


bottom of page