Devo ter dito, em outra ocasião textual, que o Café da Rua 8 me deu régua e compasso. Quando comecei a frequentá-lo e a ser sua vizinha de bloco, já devia estar em Brasília há uns poucos anos. Mas foi ali e por meio da generosidade dos frequentadores e proprietários, que a cidade me foi realmente apresentada. Foi ali que conheci seus melhores exemplares de filhos biológicos ou adotivos. Ali fui acolhida.
Foi lá que bati os melhores papos, que parti para os fins de noite regados a muita música de violões e violeiros boêmios e que fiz amigos. Pessoas que estão na minha vida até hoje – como eram na época ou até de forma mais intensa e próxima.
Tem gente que encontro muito. Tem gente que passo uma era sem ver, mas que traz preenchida essa linha do tempo com todo o carinho, respeito, amizade e amor. É como se não houvesse distância como, de fato, podemos considerar que não há.
Uma dessas pessoas tem fala mansa e manda Beijoluz sempre que fala com a gente. Se beijo é bom, imagina iluminado? Só uma pessoa brilhante para irradiar tanta coisa boa. Não só irradiar, mas fazer – coisas boas e do bem.
A versatilidade de Ruy Godinho sempre me surpreendeu – e isso inclui até conseguir ser pai de um trio tão querido de meninas lindas e maravilhosas. Mas ele é produtor, é radialista, é escritor, é cronista, é pesquisador e essa lista é grande a perder de vista.
Ruy nos presta o serviço de descobrir – e contar – como nasceram algumas canções. Faz isso por meio do livro Então, foi assim? Que começou um, virou trilogia e sei que o quarto está por vir. Neles, já são quase duzentas histórias trazidas à tona, de maneira lírica, poética mesmo que em forma de prosa. Lembro que estive no lançamento do Volume I e foi uma noite de pura emoção.
O conteúdo, formulado em boas conversas com os compositores – é apresentado também pelo rádio. É no veículo que comanda outro delicioso programa, o Roda de Choro, onde aborda a história do gênero e de seus criadores e os torna mais conhecidos em Angola, Japão e Brasil afora, pelas ondas de mais de duas centenas de emissoras que reproduzem a programação. Em Brasília, é veiculado pela Rádio Câmara (96.9), ao meio dia dos sábados.
A roda gira pelos tempos idos e os atuais, apresentando a obra de artistas e grupos não apenas de Brasília, onde o Choro também fincou raízes e cordão umbilical, mas de outras paragens onde haja um bom músico e um bom trabalho sendo executado.
O conteúdo do programa está sendo adaptado para as Redes Sociais, o que possibilita que mais gente por meio de mais plataformas se deleite com as surpresas guardadas ali e, conheça, em leves bate-papos os bastidores da criação musical brasileira.
Então, é assim. Presentes que ganhamos na vida. Daqueles que não se compram.