Pedrinho costumava ser nome de piada que envolvia menino levado? Ou era Zequinha? Ou eram os dois?
Não lembro e não quero confirmar. Para mim me basta saber que Pedrinho fez uma peraltice que até hoje não me sai da cabeça porque não fez rir como caberia a uma anedota. Mas me fez refletir.
Não era mesmo humor. Era coisa séria. E estava encafifando a cabeça dele e ele quis dividir a pendenga e, sem querer, suponho, acabou dividindo-a comigo. Mesmo que não saiba disso.
Eu queria que isso não tivesse tido nenhuma repercussão em mim porque é coisa miúda e não precisaria que fosse assim. Mas fazer o que com uma pisciana que nem sequer está meditando na periodicidade devida para poder lidar melhor com a pergunta lançada, como quem não quer nada, pelo danadinho?
Ele maculou meus hábitos. Minha tentativa de ser onipresente. Até mesmo de sair de casa. Eu já narrei isso aqui. Trata-se da minha relação com os eventos do FaceBook, para os quais sempre gostei de ‘marcar interesse’.
Minha lista de motivos exponho-a aqui: Alguns por gostar da sonoridade do nome; alguns porque desperta mesmo interesse; alguns para compartilhar com os chegados do próprio Face e, assim, ajudar na divulgação, a fazer o evento circular; alguns por ter esperança/vontade/desejo de ir; alguns para ter a opção caso tenha a chance repentina de sair; alguns para ter o que responder quando as várias pessoas que me têm como agenda cultural me fazem a célebre pergunta: qual é a boa?
Eu realmente nunca pretendi fazer uma lista de motivações para uma questão aparentemente tão trivial. Mas foi o que Pedrinho me obrigou a fazer depois que transferiu sua encafifação para a minha já atormentada mente. Como se fosse pouco. Como se não bastasse.
Pedrinho quis saber por que as pessoas marcavam interesse em um evento se sabiam não poder comparecer. Citou um determinado convite. Contou que 19 pessoas disseram sim, se interessavam.
Dessas, ele fez uma estatística de gente que conhecia de perto e que sabia que não iria mesmo. Queria saber, insisto, por que mesmo assim, assinalar o interesse. Pior ainda, para ele, era a confirmação cabal se, da mesma forma, não estavam certos de que compareceriam.
A dúvida, explicava, era referente ao uso do número para a organização do espetáculo. Seria confiável? Seria um engodo?
Eu confesso nunca ter levado tão a sério a questão. Aliás, fiquei surpresa pela minha displicência. Na verdade, o que menos me dizia essa enquete era sobre o público real que ela representava.
Sempre achei que era algo despretencioso. É claro que quanto mais agito em torno do dito cujo evento parecia indicar que ele realmente tinha um potencial de atrair público.
Mas exigir desse público uma fidelidade tamanha a essa informação? E se chovesse? O dinheiro acabasse? A gripe derrubasse o cristão? E se a babá furasse, a amiga desistisse, o romance partisse para outra? E se passasse a vontade?
Lamento que agora eu tenha meu hábito maculado. Diante de um futuro clique do mouse, lembro-me de Pedrinho. Aí, penso e reavalio minha disponibilidade, recolho o dedo e desisto de tudo.
Se eu for, vou. Se eu não for, não fiz mal a ninguém.