Muita gente assumiu e eu também assumo.
Foi a primeira vez que ouvi falar na expressão.
Demissexual.
Não sei qual foi o gatilho que fez algumas pessoas se referirem a ela, no mesmo dia, no Facebook.
Pedro não fez questionamentos. Disse que gostou.
Sônia perguntou do que se tratava.
As respostas foram muitas e variadas – incluíram devaneio, humor, seriedade e polêmica.
Tentando encerrar uma série de réplicas e tréplicas, Pedro escreveu: “Neste momento, nesta época, naquele dia, ou sempre. Não interessa. É só um termo.”
E, afora o significado para o conceito em questão, a frase ficou em mim. É só um termo.
Penso que um termo nunca é só ele. E nem o consideraria assim. De forma isolada. Como um pontinho verde no alto de um prédio.
Certos termos envolveram diligência para ser cunhados. Tempo gasto em disputas políticas e jurídicas para que se firmassem. Estudo e pesquisa para inseri-los em determinado meio cultural.
Um termo pode até ser descartável, mutável, passageiro. Mas nunca estará só. Vem acompanhado pelo contexto que o fez necessário. Um termo é como um bom soldado espartano com espada e dyplon em riste. Pronto para a luta.
Há alguns anos o Governo Federal lançou uma cartilha apontando para o ‘politicamente correto’ no âmbito dos Direitos Humanos. O objetivo, coibir “os preconceitos nossos de cada dia” a partir de termos usados rotineiramente. A obra foi criticada. Mas mandou o recado.
Cresceu o cuidado com a linguagem e, antes disso, dos pensamentos e percepções para não se incorrer na facilidade de cunhar termos que caíram em desuso porque descobertos como armas disfarçadas de palavras.
O Estatuto da Criança e do Adolescente tratou de substituir o termo ‘menor’ por criança ou adolescente. Porém, ainda hoje, ‘menor’ está no vocabulário dos mais diversos tipos de pessoas e/ou profissionais, inclusive da área.
Na mídia, geralmente aponta para pequenos pobres, pretos, marginais e marginalizados. Já viu alguém da ‘elite branca’ deixar de ser criança ou adolescente para ser tratado como ‘menor’ no noticiário?
Agora mesmo, ainda nas Redes Sociais, vejo a colocação de Valéria. “Se lésbicas não tiverem espaço não é sobre a luta LGBT, é luta GBT apenas”.
Se vale a luta por uma letra e, claro, pela palavra que representa em uma sigla e de forma ainda mais abrangente, o conceito e a militância que encerra, vale também considerar a importância de um termo.
A propósito, no Google está dito que Demissexualidade é o termo utilizado para descrever uma forma de relacionamento peculiar, onde a atração sexual só aparece depois de estabelecido um vínculo psicológico, intelectual ou emocional (ou tudo isso junto) com o parceiro (a).
Eu, por minha vez, ponho termo a esse texto.
Extrapolei o número de palavras permitidas.